domingo, 25 de setembro de 2016

Flor Solitária


Há vida nos meus sonhos
Que os olhos não podem ver...

Houve outrora uma floresta
Que só eu vi em sonhos
Mas que os meus olhos não viram...

Lá havia a Poesia!
Lá voavam os pássaros
E cantavam com o riacho 
Em eterna sinfonia.
Lá o Sol luzia!...
Reinava a Alegria!...

Há poesia nas coisas
Como sendo numa flor
Só, numa floresta cerrada
Aos meus olhos
Mas aberta
Aos meus sonhos...

Há poesia nas coisas
Como sendo numa flor...
Mas o Sol já se pôs,
Os pássaros já não voam,
O riacho já não canta
E eu já não vejo...

Ficou algures a flor
Perdida pelos meus sonhos
No meio da floresta...

E eu, que não vejo nada
Penso, embora abalada
Qual a cor do Amor...

A flor já murchou,
A noite já caiu,
Os pássaros morreram
E o riacho secou...

Ficou apenas a Música
A ilustrar o que, em tempos,
Os meus sonhos viram
Para o tornar memória;

Outrora os pássaros voavam,
Cantavam com o riacho
Em eterna sinfonia.
Outrora o Sol luzia
E conto, com saudade,
Que outrora houve uma flor,
Nas florestas solitária,
Perdida pelos meus sonhos...

Esta noite eu sonhei:
Não havia floresta, não havia nada,
Antes a calmaria anunciada
Da noite que chegava...
Eu tocava para a flor
E a flor dançava, dançava...
Dançava sem parar
E, ao chegar a madrugada,
Ambos voámos em direcção ao céu
Resplandecente
Que, à luz do Sol, luminescente
Nos embalava, suave e calmamente, 
Na certeza de alcançar o Infinito
De uma cor branca, cor de marfim,
E onde viveríamos os dois
Eu e a flor
Ontem
Hoje 
Amanhã
Até ao fim dos tempos...

Era um sonho como era um sonho.
Se este sonho fosse verdadeiro
Mas que feliz eu seria!...

Ai eterna saudade
Daquela flor que, em tempos,
Foi a minha alegria!...


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