Esquisso XII

O profeta parte

Numa carroça de fogo.

Silêncio.

- A noite.

Esquisso XI

“Já é Primavera!
Toda eu sou rosa e seda…”

Sonha a flor de murta.

Esquisso X

Para quê a pressa?
Nada ultrapassa o andar

De um velho relógio.

Esquisso IX

Fechei as cortinas.

Ali, no meu quarto negro

Sol no coração.

Esquisso VIII

“Cantemos a Lua!”
Espanta-se a traça azul
Na vida, que é breve.

Esquisso VII

Penélope chora.

Ali, dobrada ao tear

Seus sonhos tecia.

XLV

Faz frio nas campinas, longe chove

Ulula o vento norte nas montanhas

Na terra ouço cantar vozes tamanhas

Num uivo que me assombra e me comove...

O choro das corujas se demove

Ante o véu de luzes que são estranhas

E não há truque vil ou artimanhas

Que no peito calado se não prove...

A Lua circunscreve a Terra inteira

No seu voo imenso e circular

E é sua a saudade, a maré cheia:

O vento traz segredos, flores aos molhos

E é minha a mordaça secular

Da noite que se estende nos meus olhos...

Esquisso VI

Vinho branco escorre
Numa garrafa vermelha
E no pano morre.