domingo, 11 de março de 2018

Phemonoe


Deitada sob o véu claro de estrelas
Dormias; e nas mãos, abandonada,
A lamparina alegre do astro-rei
Rodava a contraponto de ouro e mel
Que teces pela boca aveludada…

Os pés cruzando a terra, lado a lado,
Pendidos no suspiro de um repente
No seio de mármore triste e alvo
Pisam a piton que entrelaçada
Nos teus sonhos dança eternamente.

Erguida ao firmamento a fronte justa
Que das veias divinas se coroa
‘Sperando não se sabe como e quando
Chegar ao homem vão o duro mando
Com que o deus amoroso o abençoa,

Anoiteces; e elevando a branca luz
Ao espaço cor de bruma em que repousas
A Lua, dormitando embevecida
Sobre leves teias de céu e ar
Derrama pesarosa pela areia
A linha carregada oracular
Dos olhos que se vão na maré cheia.



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