quinta-feira, 8 de março de 2018

Paean


Poderás esconder os altares
A veia calma
Poderás esconder os abismos
Que guardas no espelho da alma

Poderás verter a preceito
Gota a gota, verdejando,
As estrelas que guardas no peito

‘Screvam crineias das fontes os versos que a terra nos deu
Colhidos por quem os deitou, chorados por quem mereceu

Poderás ainda afinal
Escrever na terra um sinal
De quem traz a aurora na mão

Poderás trazer tão somente
Uma nota
Uma só nota que traga fremente
A lira do coração

“Screvam nos frisos, colunas – erguidos ao céu que proclama –
Os hinos que trazem nascidos na sorte que ao fado vos chama

Trouxe um búzio no ouvido
Nas espirais desenhei segredos
Sussurros
Que rodam no mesmo sentido

Poderás esconder sete mares
Num Helesponto perdido
Trazer no búzio que roda
Perfumes de velhos ares
Pedaços de um sonho não lido

Parte um navio dourado rumo às costas perdidas
Leva segredos, grilhões de virgens adormecidas

Escondi dos deuses o nome das pedras
Onde derramo o vinho das minhas libações



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