quarta-feira, 14 de março de 2018

Reges Esuriae

Ou de como Quatro Reis sem terra chegaram a Castro Marim


O primeiro rei veio na linha
Sombria do céu crepuscular
Os anéis de sal e mar rodando nos dedos de areia
O segundo rei teceu passagem
Nas cruas dunas do Levante
Perdidas as suas mãos torradas pelos beijos de mil sóis
O terceiro rei ergueu a noite
No punho a espada de meia-lua
E o sorriso das esfinges escondido na boca de uva

Só o quarto rei veio mudo e quedo
As veias da fria terra são seus cabelos
E a cruz que traz nos olhos junto ao peito
Lembra a branca aurora que, dourada
Se espalha lentamente de mansinho
Nas duras pedras rubras da calçada…



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