terça-feira, 4 de outubro de 2016

Mar


Mar calmo, mar sereno
Como meu lenço de vinho branco
Onde verto minhas lágrimas de tristeza e pranto;
Um dia que, rápido, é instante.
A luz que me aquece reflecte, fulgurante,
A lentidão dos meus passos face à tempestade que se avizinha.

Mar de tristeza, mar de agonia, mar de saudade
Que, em ventos, se torna tortura minha;
Ao longe a terra, mar de tempestade,
Tornada horizonte que de belo nada tinha.

Sob o céu trémulo de vento e que em luz a sustinha,
Movida de alegria e suspensa de tristeza
Pela luz da Lua que em silêncio escuta
Comovidamente por tamanha afoiteza
Avança a gaivota, decidida e arguta
Árias cantando e continuando a viagem
Voa alto e alto é o seu cântico
Na certeza de no mar ter a passagem
E cruzar as frígidas águas do Atlântico.

Como um gemido o mar se altera
Ao dar conta do profundo engano
Da avezinha que nunca soubera
Vir a morrer no imenso Oceano.

Oh, quanto desgosto, quanta tristeza,
Quanta pena pelos céu demonstrada
Quando a gaivota, pelo vento enfraquecida,
Viu no Atlântico a sua última morada!...

Cansada e sem vento que a levante
A gaivota cai com um suspiro
E mergulha nas águas do Oceano
Entregando a vida ao negro Atlante.

Mantém-se calado e suspenso no céu
Que, naquela noite, velou com agonia constante
O motivo de viagem tão esgotante.
Mantém-se calado e assim permanece
Sob as águas frígidas do Atlântico,
Entoado pela gaivota em seu doce cântico
Que conta em certezas para quem não esquece:
"O coração tem razões que a própria razão desconhece..."


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