sábado, 17 de junho de 2017

XXIII

Por ruas sem sentido eu me demoro
Envolvido em minh'aura grande e dura
No que é belo eu não vejo formosura
Nem pelo tempo que passa eu imploro...

Atormentam-se as verdades que ignoro
Perdem as flores secas a candura
No sorriso morto gela a doçura
E rindo com fervor às vezes choro...

Meu castelo é um quarto sem janelas
(Que em verdade nem quero nem posso tê-las)
E partilho os meus sonhos só comigo;

Mas o que vale de mim ser senhor
Se meu amo é o cru e vil Amor
E do teu claro olhar eu sou mendigo?

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