terça-feira, 26 de setembro de 2017


XLI

Na alta catedral que em breu se erguia
Nas calhas da Razão cumprindo o fado
Entrei, p'ra me tornar o esposo amado
Da noiva que esperava, escura e fria.

A porta do sepulcro em flor se abria
Dois anjos aguardavam, lado a lado
E em me trazendo o cálix destinado
Ergui-o à minha amada, que dizia:

"Eis enfim, doce amado, p'ra preceito
As pedras que te servem de mortalha
Quando não pode mais o pobre peito!"

Que pode o coração tão contrafeito
Se não tem alma humana amor que valha
A Dor p'ra sua esposa, o breu p'ra leito?

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