terça-feira, 3 de outubro de 2017

A Bela Moleira

XLIII

Ias, donairosa, ao romper do dia
As aves nos teus olhos de andorinha
Leves, leves, da aurora que avizinha
Pretos, pretos, das penas que trazia...

Trazias no regaço a canção fria
E ululante voz da ribeirinha
E do vergel colheste, rosadinha
A boca de maçã que lá crescia...

E bela moleirinha, que em verdade
Quiseste que eu encontrasse a liberdade
Fazendo do teu seio o meu caixão;

Enterra-me em amor no pó antigo
Mas deixa no teu peito a mó, o trigo
Rodando eternamente o coração!...

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