sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Cançoneta

São verdes os rios que levam
Saudades do meu amor
E nos barcos que se entregam
Aos amantes que navegam
Sem saber rei ou senhor,

O meu amor parte, parte
Parte sempre a navegar
Foi p’rá liça guerrear
Foi servir com sua arte
Lá nas terras d’além mar
Leva os sonhos por ‘standarte
- Quem sabe se há-de voltar?

São azuis os céus que guardam
Os olhos do meu caro bem
E nas ondas que sossegam
Os corações que lhe entregam
Dos que ficam sem ninguém,

O meu amor canta, canta,
Canta sempre a navegar
Os sinos que ouviu tocar
Lá na terra que lhe encanta
Das montanhas por sagrar
Onde o sol se alevanta
- Quem sabe se há-de chegar?

(São negros os montes que velam
As almas apaixonadas
São altos espinhos que zelam
E no coração revelam
Leves penas, vis espadas)

São verdes os rios que levam
Saudades de quem me levou
Nas amarras que se entregam
Daqueles que então navegam
E não sabendo por onde vou

O meu amor sonha, sonha
Sonha em mim no alto mar
Traz nas mãos ao abandono
O meu coração sem dono
E a testa por singrar
E levando por ‘standarte
Aquela que deu por trono
O engenho, zelo e arte
A quem a não soube ver
Quem sabe se há-de voltar,
Quem sabe se há-de sofrer,
Quem sabe se há-de morrer,
Quem sabe se há-de acordar?


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