quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Ferreiros

Ó terra da minha lonjura
Dos cantos de trevos calados
Semeias voz de ternura
Ribeiros amargurados

Ó terra do sol que se espraia
Nas eiras da tarde calma
Ó terra de flor como saia
E lenço negro na alma

Ó terra de lume bravio
Que sonho com olhar langue
Trago nas veias o rio
Que o peito tornou em sangue

Ó terra de seiva que medra
Na voz de quem por ti passa
Ó terra de sombra de pedra
Que o choro dos homens amassa
  
Ó terra de manhã fria
Lágrimas em flor aos molhos
Levantas-te co'a cotovia
Caem-te as penas dos olhos

Ó terra de serras viçosas
Dos altos rochedos pardos
Ó terra dum país de rosas
Sem ver beleza nos cardos

Ó terra da pátria querida
Que esculpo no coração
Pastor de face aguerrida
De enxada e lança na mão

Ó terra que vou murmurando
Lembrança de gente esquecida
Ó terra, em ti me encontrando
Mais eu te julgo perdida.

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