domingo, 7 de maio de 2017

De ti...


De ti não quero as tuas posses
Pois isso quer dizer que morreste;
De ti não quero palavras ternas
Pois isso quer dizer que precisas de te justificar;
De ti não quero que me digas que o que sentes por mim é do tamanho do Mundo
Pois isso quer dizer que é algo tão pequeno que pode ser medido;
De ti não quero juras nem promessas
Pois isso quer dizer que não estás seguro do que queres;
De ti não quero a tua caridade
Pois isso quer dizer que tens pena de mim;
De ti não quero grandes expectativas
Pois isso quer dizer que amas uma imagem;
De ti não quero as tuas orações
Pois isso quer dizer que estou tão mal que nem me podes ajudar;
De ti não quero que olhes para o lado para veres se te acompanho
Pois vou em frente contigo mas não confias em mim;
De ti não quero que julgues que sou fria por te dizer tudo isto
Pois isso quer dizer que não me conheces...

Assim, senta-te comigo num barco de madeira
E não me olhes, ou julgues, ou toques
Nem fales, que a palavra limita a linguagem
E viajemos assim no barco da vida
Esperando que o nosso rio chegue à foz
Navegando sempre na direcção do Sol
E olha simplesmente para a frente comigo
E quando se soltar a última tábua
E se tiver perdido o último remo
Sejamos capazes de repousar por fim
E consigamos ainda sorrir às memórias
E nessa altura, meu irmão, eu serei feliz
Por ter ouvido, um dia, o teu silêncio...

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