sexta-feira, 10 de março de 2017

Édipo


A lira toca e o som expande 
Nada de mais verdadeiro
É o final inevitável
E da mesma forma as cordas
À lira pertencem.
A lira e as cordas são o instrumento
O som expande-se no ar
Vibra nos ouvidos de quem ouve
E nunca será o som a vibrar as cordas
Ou a lira que se toca e as cordas seguras.

A vida surge como verdade inevitável
A vida é areia nos nossos dedos
Escorre por mais que a apertemos
E terá necessariamente que cair.
É esta a força das coisas
Cada qual em sua redoma de vidro
Batendo sem quebrar espera o inalcançável.
Gritando a plena voz não é ouvido
Rezando em vão pelo que não é seu.
O teremos é o que temos.

Contenta-te em ver de longe
Cumpre o que te é permitido
Segue em frente, tu, a vida, sem olhar o lado
Não ligues ao que vês além do vidro.
Acena ao que vês do outro lado.
Sorri com o que terás que é o que tens.
Não rezes ou esperes pelo que queres
Reza e espera pelo que podes.
Não batas no vidro, que podes ferir-te
Nem o sonhes, nem o queiras, nem o olhes.

Caminha, ouve e cega
Tudo o mais é sonho,
Tudo o mais é vidro,
Tudo o mais é nada...


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