Dois tiros...
A cidade está calma, silenciosa;
No ar, o silêncio mata
E por entre ares tóxicos e venenos
Soa a sinfonia de dois tiros...
Um pássaro morto jaz no chão
Jaz sem asas e sem bico:
Levaram-no os insectos
Que sobrevivem na terra estéril de cinza...
Recordações, tantas vidas, tantos sonhos!
Agora os incêndios iluminam a cidade
Partes de corpos (do que parece) enfeitam as janelas
O rio que corre na rua é vermelho...
Dois tiros...
Uma criança...
A criança olha, em pé, consigo a boneca
E o seu coração está vazio, ferido
E o chão queimado é humedecido
Por inocência vermelha que, com Sol, não seca...
Menina, criança, não chores!
A boneca, rota, deu-lha sua mãe
Mas a mãe já não está, não lhe pega ao colo
Qual deles, qual dos vultos no chão seria a sua mãe?
És um cadáver, cidade, estás morta
E contigo morrem os sonhos, esperanças;
Queimem-se os vossos telhados de dor e angústia
Derrubem-se as paredes sádicas e hipócritas!
Dois tiros...
Uma criança...
Cai a boneca...
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