Vem de tarde, meu amor, vem dolente
Vem de tarde e vem dormir junto ao rio
Estende junto à fonte o coração
O teu pálido coração de louça
Vaso sem rosas que lhe deem cor…
Tu vieste meu amor, a boca em sede
Mas não pudeste beber porque dormias
Dormias nas pedras da calçada
Junto ao nome feito em pedra que te dei
Dormias com o coração nas mãos, esperando,
Esperando as rosas rubras que, viçosas,
Tornariam a tua alma em flor!
Vem de tarde e vem dormir junto ao rio
Estende junto à fonte o coração
O teu pálido coração de louça
Vaso sem rosas que lhe deem cor…
Tu vieste meu amor, a boca em sede
Mas não pudeste beber porque dormias
Dormias nas pedras da calçada
Junto ao nome feito em pedra que te dei
Dormias com o coração nas mãos, esperando,
Esperando as rosas rubras que, viçosas,
Tornariam a tua alma em flor!
Vê as águas que passam e lembras-te, amor?
Lembras-te de quando entrei no teu jardim?
Uma flor branca crescia e eu colhi-a
E levei-a comigo como quem leva um pertence
Porque fizeste meu o teu jardim
E agora eras tu quem esperava junto ao meu rio…
Lembras-te de quando entrei no teu jardim?
Uma flor branca crescia e eu colhi-a
E levei-a comigo como quem leva um pertence
Porque fizeste meu o teu jardim
E agora eras tu quem esperava junto ao meu rio…
Mas perdoa, amor
Perdoa porque quando te ofereci as rosas já elas tinham macerado
Perdoa porque quando te levei ao rio já as águas tinham gelado
Perdoa porque quando te quis matar a sede já a fonte tinha secado
E o teu coração estava tão frio que o não pude aquecer nas mãos…
Perdoa porque quando te ofereci as rosas já elas tinham macerado
Perdoa porque quando te levei ao rio já as águas tinham gelado
Perdoa porque quando te quis matar a sede já a fonte tinha secado
E o teu coração estava tão frio que o não pude aquecer nas mãos…
Mas não chores, meu
amor, não chores mais
Não chores as rosas secas junto ao peito
Não chores as lágrimas debruçadas junto ao rio
No tempo em que debruçados junto ao rio
Fazíamos dos nossos sonhos barquinhos de papel…
Não chores a sede porque a sede morta não é mais que morte
E, quem sabe, sem a sede nunca teríamos procurado a nossa fonte…
Não chores rios, nem as rosas, nem as fontes
Chora apenas o fadado coração
O silencioso e triste coração
Que sofre por se não poder derramar pelos olhos!
Não chores as rosas secas junto ao peito
Não chores as lágrimas debruçadas junto ao rio
No tempo em que debruçados junto ao rio
Fazíamos dos nossos sonhos barquinhos de papel…
Não chores a sede porque a sede morta não é mais que morte
E, quem sabe, sem a sede nunca teríamos procurado a nossa fonte…
Não chores rios, nem as rosas, nem as fontes
Chora apenas o fadado coração
O silencioso e triste coração
Que sofre por se não poder derramar pelos olhos!
(O vento norte varre
as sarças num sussurro
E, no horizonte, um barco levanta voo)
E, no horizonte, um barco levanta voo)
Mas sabes, meu amor
Ainda hoje tenho as rosas à cabeceira
As rosas escuras, maceradas
Que colhi um dia do teu coração…
Ainda canto, a cada suspiro meu, o sibilar rio que passa
Que me mata a sede nas horas da saudade.
Ainda gravo o teu nome junto à fonte
Nas pedras que plantámos na calçada.
Escrevo-o como se fora o meu, letra a letra
Letra a letra murmurado no meu peito
Letra a letra a cada batida lenta do meu coração…
Ainda hoje tenho as rosas à cabeceira
As rosas escuras, maceradas
Que colhi um dia do teu coração…
Ainda canto, a cada suspiro meu, o sibilar rio que passa
Que me mata a sede nas horas da saudade.
Ainda gravo o teu nome junto à fonte
Nas pedras que plantámos na calçada.
Escrevo-o como se fora o meu, letra a letra
Letra a letra murmurado no meu peito
Letra a letra a cada batida lenta do meu coração…
… …
Raiva de não cair no meu peito a tua alma desfolhada!
Raiva de não cair no meu peito a tua alma desfolhada!
Vai, amor
Vai no teu barquinho de papel
Sonho-te a foz, o sol poente
O infinito.
Vai no teu barquinho de papel
Sonho-te a foz, o sol poente
O infinito.
… …
Adeus, amor
Encontrar-te-ei um dia
Dormindo sereno no perfume das rosas
Adeus, amor
Encontrar-te-ei um dia
Dormindo sereno no perfume das rosas
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