Trezentos e quarenta e três mil
Seiscentos e vinte e um
São os dias de vida da flor cor-de-rosa.
Trezentos e quarenta e três mil
Seiscentos e vinte e um
Tiraram-se uns três mil:
Trezentos e quarenta mil
Seiscentos e vinte e um
E não deixa de ser tempo a mais
Para uma flor cor-de-rosa.
Trezentos e quarenta mil
Seiscentos e vinte e um
Tiraram-se uns seiscentos:
Trezentos e quarenta mil
E vinte e um
E um número deu a mão à vogal.
Sim, "um" número
Porque além de numeral cardinal
Também tem função linguística
(Mas quanto será mesmo um?)
Trezentos e quarenta mil
E vinte e um
Tiraram-se uns quarenta mil:
Trezentos mil
E vinte e um
Sóis viu nascer a flor cor-de-rosa
Quando se abria, irradiava a Lua
Quando fechava, o Sol voltava para a ver...
Trezentos mil
E vinte e um
Tiraram-se uns vinte e um:
Trezentas mil vezes
O colíbri namorou a flor cor-de-rosa
Sem que esta se dignasse a voltar-lhe a corola.
Mas porquê o ar gélido
De uma flor que era o Sol?
Trezentos mil...
Se os tirarmos...
O que fica...?
Trezentos e quarenta e três mil
Seiscentos e vinte e um
São os dias de vida da flor cor-de-rosa
Sem que esta merecesse tempo algum.
Devagar ou depressa
A vida acontece.
Trezentos e quarenta e três mil
Seiscentos e vinte e um
Tiraram-se todos num repente
E porque a vida o consente
O resultado é: nenhum.
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