XLVI
Eu sou o porto d'oiro onde nasci
O barco que procura eternamente:
Eu sou da desditosa e nobre gente
E canto o que não cuido e que não vi...
Eu sou os sonhos claros que colhi
Trago por escudo duro os céus, somente;
Eu sou o vulcão escuro, forte e quente
Que crava a terra plana de rubi!...
Eu sou. Tomo ilusões por minha estrada
E deixo no mar d'alma macerada
As velas dos veleiros, sós, passar;
Eu sou de ser quem sou ou tudo o nada
A sombra vagarosa, iluminada
De estrelas no céu turvo a soluçar!...
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