Cantando vêm as brisas de Austro
Ao longe, um pássaro canta
E sem olhar o mal que me espanta
Caminho por entre arcos, colunas.
O oráculo está ali, perto uma árvore
(Das tão velhas como os tempos)
Geme com o vento que a molesta...
Cantando vêm as brisas de Austro
E trazem vozes de ninfas, sereias:
Segredam-me histórias ao ouvido
E alheio ao vento, sem qualquer sentido
O oráculo de Delphos quieto como a árvore
Geme canções; tanjo a minha lira
Puxo uma corda e o som nasce...
Cantando vêm as brisas de Austro
E, secretas, roubam os meus sons
Quando os trocam por ti na calma
Ninfa sem deus, sem terra, ompharum
Uma corda parte e um som metálico
Abafa-se no murmúrio dos meus lábios
Ao pronunciar o teu nome:
- Eliane.
Pois se não foste tu a quem, ao raiar do dia
Com minha lira, como que por magia
Fiz cruelmente a ânfora estalar!
Mas a que vens, vens p'ra te vingar?
Não te vingas e com belos olhos
Estendes a mão, consertas-me a lira.
Devolves-me a música, mas não sem um preço
E eu próprio sei que então mereço
Depois de tal crime exemplar castigo
E ao sair, ofegante, do templo
Castigaste (e que sirva de exemplo)
O meu coração, que levaste contigo...
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