XXIII
Por ruas sem sentido eu me demoro
Envolvido em minh'aura grande e dura
No que é belo eu não vejo formosura
Nem pelo tempo que passa eu imploro...
Atormentam-se as verdades que ignoro
Perdem as flores secas a candura
No sorriso morto gela a doçura
E rindo com fervor às vezes choro...
Meu castelo é um quarto sem janelas
(Que em verdade nem quero nem posso tê-las)
E partilho os meus sonhos só comigo;
Mas o que vale de mim ser senhor
Se meu amo é o cru e vil Amor
E do teu claro olhar eu sou mendigo?
Sem comentários:
Enviar um comentário