quarta-feira, 21 de junho de 2017

XXIV

Senhora de olhar franco, puro, agreste
Senhora a quem, triste, dei a vida
Que saudades que te dês a mim, perdida
No calor dos vãos beijos que me deste...

Mas nada é para sempre e tu quiseste
Sem cuidar de minha alma vã, ferida,
No meu coração morrer esquecida
E tirar o sangue todo, que bebeste...

E é chegado o tempo em que, afinal,
Senhora, nem vos amo nem adoro
Pois sois fonte perene do meu mal;

Mas por que é que, cuidando que eu ignoro
Usais uma coroa de cristal
Retirado das lágrimas que choro?

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